terça-feira, 16 de junho de 2015

O vão do verso.

Será que todo o sentimento que a gente esconde no peito vai poder falar sobre nós? Se ao menos o mundo parasse um segundo pra gente só ficar, ou ficar a sós, eu sei que seria um embate tão profundo, que a vida sorriria e passaria, então, bem mais veloz.

Enquanto isso os anos vão se arrastando, prolongando meu gerúndio e castigando meu verbo: Em tudo que vem sendo, onde tu tens estado, no tempo em que não estou te vendo, no tempo que tem passado, de tudo a que venho me prendendo ou de tudo que tenho me separado, isso se dá apenas porque não estamos mais perto, meu bem.

E se ao menos o destino não fosse tão incerto? E se o medo não acabasse nos matando nessas teias que vamos tecendo, no veneno destilando nas veias, nesse tango que vamos dançando, nos passos falsos que vamos valsando?

Porque, meu bem, quem valsa assim, queda no verbo. Bem ali, no vão da palavra, no vão daquele verso, daquela rima solta que te dei. E assim a gente cai, meu bem, e deixa a vida passar em vão. Então não me espera, nem espera eu te dar mais um refrão. Só vem, mas vem de braços abertos, pra agarrar o resto de tudo a que eu me presto a guardar pra ti, em vão.